domingo, 4 de outubro de 2009

IPEA: Ricos Gastam em Três Dias o Que Pobres Gastam em Um Ano


No Brasil, o que um pobre gasta em um ano é o mesmo que é gasto por um rico — que faz parte de 1% da população — em três dias. A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulgou em 24 de setembro uma análise com base nos dados apresentados na semana passada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) relativa ao ano de 2008.

“Apesar de estar registrando desde 2001 queda da desigualdade social num ritmo realmente bom, o Brasil ainda é um monumento à desigualdade. Aqui, uma família considerada pobre leva um ano para gastar o mesmo que o 1% mais rico gasta em apenas três dias”, informa o pesquisador do Ipea, Sergei Soares.

Desigualdade Diminui Mas Persiste

De acordo com o IPEA, de 2001 a 2008 a renda familiar per capita cresceu 8,1% ao ano entre os 10% mais pobres da população, enquanto entre os 10% mais ricos o crescimento foi de 1,4%. E a diferença de renda média dos 20% mais ricos para os 20% mais pobres caiu de 27 vezes em 2001 para 19 vezes no ano passado.

O IPEA concluiu também que a parcela de brasileiros em situação de extrema pobreza foi reduzida à metade durante o período 2003-2008. Contudo, quase 50 milhões de pessoas ainda vivem em famílias com renda mensal inferior a R$ 190.

Sergei explica que mantendo essa tendência recente de redução da desigualdade registrada nos últimos anos, "o Brasil levará 20 anos para chegar a um patamar que pode ser considerado justo”. O pesquisador sugere que o governo “continue fazendo mais do mesmo”, estimulando programas como o Bolsa Família e o aumento do salário mínimo, e invista em educação e estimule a formalidade no mercado de trabalho.

“Para acelerar esse processo é necessário que façamos mais do que apenas olhar as coisas positivas que têm sido feitas. O indicado é que o país atue de forma a melhorar o sistema educacional e a reduzir a informalidade”, afirmou. “E, claro, isso envolve também medidas que objetivem também a redução da desigualdade racial e regional do país”.

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