segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Nosso Bairro


A Rua Luis Anselmo homenageia professor que lutou pela liberdade dos negros
Vitor Carmezim, do A Tarde
Marco Aurélio Martins / Agência A Tarde

Bairro teve crescimento considerável

Téogenes Bandeira, Mário Cícero, Raimundo Piedade, Odail Cunha, Edgar e Liziete dos Santos. Alguém já disse, certa vez, que quem faz o bairro são as pessoas. E a história de Luis Anselmo – o bairro – pode ser contada através da história de vida das famílias daqueles e de outros moradores que vivem no local há muitos anos e são o testemunho das mudanças e do crescimento considerável que teve aquela área nascida no entorno de uma única rua – aquela que leva o nome do bairro.

A Rua Luis Anselmo é uma homenagem a um professor de medicina negro que lutou contra a escravidão. No princípio, era apenas uma via do Matatu de Brotas, mas, devido ao crescimento do número de residências nas encostas e outras ruas transversais à principal, ganhou o status de bairro. Quem diz “vou para Luis Anselmo” não vai apenas para a rua com este nome. Pode ir também para algum ponto das dezenas de travessas e pequenas vielas que abrigam cerca de 30 mil pessoas.

O bairro faz vizinhança com Matatu, Vila Laura e Cosme de Farias. É de fácil acesso, com subidas pelas avenidas Bonocô, Heitor Dias e muitas outras. As calçadas que margeiam toda a extensão da rua principal não são muito largas e é por elas que passa a maior parte pedestres da localidade.

“É um bairro basicamente residencial. Há muitas casas, porém, pode-se perceber que muitos prédios novos foram construídos”, afirma Marcelo Maia, responsável pela Administração Regional V, que abrange o bairro de Luis Anselmo e circunvizinhos. De fato, as casas mais simples que estão na margem da rua principal disputam espaço com prédios em alguns pontos.

Em uma casa na descida de um dos becos transversais mora uma das pessoas mais conhecidas da região: Liziete Costa Santos, 85 anos. Nasceu e se criou no bairro. Teve nove filhos, oito deles com casas que ficam, no máximo, a 100 metros da casa dela. A matriarca já adianta em um primeiro contato o que sente pelo bairro: “Nasci aqui, vou morrer aqui”. De lá, não sai.

“Minha mãe presenciou o bairro crescer. Criou a todos nós aqui e é testemunha das mudanças”, diz Vera Cristina, a filha caçula. Por problemas de saúde, dona Liziete não fala muito, mas os olhos brilham quando diz algumas palavras que lembram as modificações que acompanharam o tempo. “Minha casa ficava lá em cima (à beira da rua principal) e, depois, com o crescimento, viemos pra cá. Não troco por nada o meu lugar”.

Quem também acompanhou bem de perto o desenvolvimento de Luis Anselmo foi Odail Cunha, hoje com 72 anos, 68 deles vivido em uma casa na rua principal. Da sacada da residência, fala com riqueza de detalhes da mudança da paisagem. “Era uma vista muito linda. Não havia essas casas na frente e daqui era possível ver os laranjais vistosos que tomavam toda a extensão da fazenda que deu origem ao bairro de Vila Laura”, afirma Odail. Hoje, a vista está tomada por casas altas e o silêncio típico do local de anos atrás já não existe por causa de uma intervenção direta na estrutura da via. “Depois que fizeram a ligação da rua Luis Anselmo com a Rótula do Abacaxi o movimento de veículos aumentou bruscamente porque o carros vêm pra cá fugindo do engarrafamento no Bonocô”, afirma.

Fonte: Jornal A Tarde, 04/07/2008.

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